1. |
Antárctico
04:59
|
|||
Isto é lá modo de começar
Tão frio, despido e fim no paladar
A tempestade está a chegar
(Perto demais)
Não houve tempo para contar a todos
Isto não ia acabar
(Bem para ninguém)
Sempre foi uma bolha prestes a rebentar
Um mundo tão podre
E eu só não queria ser mais um
Peço desculpa em avanço
Que o pranto que canto antecipa o falhanço
De algo que nunca começou
(Bem para ninguém)
Perco o norte e mesmo assim danço
O esgar de fé em virar a chance
(Nem por sombras)
Os sonhos nunca estiveram ao meu alcance
E sinto que estou
A levar a vida que eu não
Sinto que sou
Para além daquilo que projecto
Se a sombra que sou
Vale bem mais que o que vocifero
Sinto que estou
A levar a vida que eu não quero
Quero
Quero luz, quero
Vale muito mais
Dá-me, é meu
Futuro como breu
Quero luz
Está quase a chegar
Sombra, a tal que sou
Vale muito mais
Quero luz
Estou quase a chegar
Ao fim do mundo
Prestes a chegar
Ao fim do mundo
Prestes a chegar
A mim no fundo
Pronto a recomeçar
|
||||
2. |
A Poda das Nuvens
06:31
|
|||
[Refrão]
Se o que chove, nasce e cresce
Torna-se o que sou
Tomara que eu não viva
De uvas sem grainha
Olá, este sou eu a sorrir
O mundo sorri de volta e gira sem que a festa pare
Há um brilho nos meus olhos
Dos quais refratam focos e nascem arco-íris
Estou cheio de mim
Desculpem se a música não deixa parecer
Exagero às vezes
No tom sentimentalão que sem ti mentem as mãos
E sinto um entalão
Entre aquilo que sinto e aquilo que tento descrever
E escrevo coisas erradas
Não é que eu não as sinta, mas a maquilhagem escorre
Finjo não perder
Desculpem se a máscara me deixa aparecer
O suor fá-la escorregar
Se a minha cara surge, então morre a personagem
[Refrão]
Mas sobrevivo eu
A culpa não é minha, o sucesso não vinha no meu tamanho
Vesti uma coisa qualquer
Se me vissem nu apontariam para aquilo que eu não sou
E eu não sei sair
Deste tenebroso inferno que me esconde os teus braços
Aposto que a culpa é minha
E eu tinha que me moldar aos gostos da praça
Sinceramente
Vivo numa antecipação que nunca há de se evaporar
Agora eu não sei morrer
Só fujo de mim e me escondo do mundo e me torno em cliché
Já só quero desaparecer
[Refrão]
A poda das nuvens
Mostra um céu cujo sol morreu, mas a roda gira
E já não sei o que faça
Se a voz amplifica o que penso, talvez seja melhor deixar de cantar
[Refrão]
|
||||
3. |
O Mar que Sobra
04:38
|
|||
4. |
O Sangue dos Outros
05:19
|
|||
5. |
Corte e Cultura
06:02
|
|||
6. |
Estação das Chuvas
02:48
|
|||
Já me desconstruí
Para vos explicar por miúdos
Eu não vou chegar mais longe
Só para me ver ser ceia
Martela os ossos contra o marfim
Mas deixa os destroços pesar em mim
As horas cantam canções mortas
E eu sigo a mesma sorte
[Refrão]
Sei lá se o que digo serve de algo
Mexe contigo ou faz-te mexer
Contra o que sabes que te deves opor
Sei lá se o que digo cria diálogo
Faz-te sentido ou faz-te sentir
Que se não ages de acordo, então é tudo vapor
Martela as teclas mecanizadas
Que tornam letras do meu sangue
Eu não vou parar para imortalizar
Essa tua merda em ser fã de estórias com moral
Martela esses pregos ao meu caixão
Estas larvas são senão o meu novo chão
O ar que paira cheira a errado
Homem, és tu que te enterras
[Refrão]
[Solo]
[Refrão]
|
||||
7. |
Vapor
04:37
|
|||
Já me desconstruí
Para vos explicar por miúdos
Eu não vou chegar mais longe
Só para me ver ser ceia
Martela os ossos contra o marfim
Mas deixa os destroços pesar em mim
As horas cantam canções mortas
E eu sigo a mesma sorte
[Refrão]
Sei lá se o que digo serve de algo
Mexe contigo ou faz-te mexer
Contra o que sabes que te deves opor
Sei lá se o que digo cria diálogo
Faz-te sentido ou faz-te sentir
Que se não ages de acordo, então é tudo vapor
Martela as teclas mecanizadas
Que tornam letras do meu sangue
Eu não vou parar para imortalizar
Essa tua merda em ser fã de estórias com moral
Martela esses pregos ao meu caixão
Estas larvas são senão o meu novo chão
O ar que paira cheira a errado
Homem, és tu que te enterras
[Refrão]
[Solo]
[Refrão]
|
||||
8. |
Éter
06:19
|
|||
Se o meu fado é ter
Esta cruz para erguer
Deixem-me não ser jesus
Que o meu pai não é
Nem divino nem tem fé
Que esta terra seja eterna
Sinto que morro em vão
E o que sinto não vale nada
Se eu me esfumar
Partir e nada ficar
Não deixo nem um eco?
Peco em chorar
Em partir-me aos bocados
Tornados em éter
O meu espaço e tempo
Não passam de um intento fracassado
Pudesse eu ser outrem
Não fosse a dor minha mãe
Ou a culpa o meu fardo
Que desse para fugir
Uma porta por abrir
Para qualquer outro lado
Acho que a encontrei
E nem por acaso me revejo
De que vale a alma, se a boca não come
Pronta parte a calma, à espera fico então
É podre ou é padrão, a sorte não é minha
A roda já não gira, a inércia é o que me fica
O mundo nunca muda, e assim eu também não
É triste, mas é a vida; era a conta, por favor
|
vasco vilhena Lisboa, Portugal
Vasco Vilhena nasceu na cidade e cresceu no campo. Foi à sombra de um sobreiro alentejano que descobriu que era por entre sons e harmonias que se sentia em casa. Estudou Jazz e produção musical em Lisboa, onde hoje costura canções. Depois de Urso Solar (2018), apresenta-nos agora A Poda das Nuvens (2021). ... more
Streaming and Download help
If you like vasco vilhena, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp