1. |
Floresta Polar
04:05
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Vi lenha deixar vida para trás
Vi água arrefecida, e nada
É o que sobra de mim
E um perfume chamuscado
Essa mão maravilhas não traz
Esse pé pisa filhas, miséria
É o que sobra, enfim
É uma racional bactéria
Faz com que as árvores não sobrem
É um vírus chamado Homem
Saio então da floresta polar
Exclamo então o que resta fazer
Mas o homem é casmurro
E é ele que fica a perder
Volto então para casa, meu lar
Essa mão fechada é o seu fim
Mas a gente nem a murro
E há-de morrer assim
Faz com que o gelo o ensope
Para este cancro não há xarope
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2. |
Pele
03:02
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Estás-me na pele
Sabes o quão louco fico quando esticas o cordel
Ignoras a que troco a nossa pele compele
Estás-me na pele
Mesmo sendo urso sabes que não sou cruel
Dentro de concurso sabes que eu sou fiel
Por muito que apeteça
Arrancar-te a cabeça
Com um copo do teu tinto
Acalmas-me o instinto
Pois estás-me na pele
Mesmo sendo teu não deixas de ser meu farnel
Desde o apogeu não deixo de ser teu corcel
Estás-me na pele
O teu chicote marca o ritmo do nosso aranzel
Vicio tanto que te pedi ao papai noel
Por muito que te peça
A distância que não impeça
O nosso amor de brandir
A nossa chama de fluir
Pois estás-me na pele
Seja no motel que corre amor em lua de fel
Com vista para Eiffel, ajoelho-me de anel
Estás-me na pele
Nem tinta de tattoo me traça tanto meu papel
Só faltas mesmo tu para a lua-de-mel
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3. |
Carne
02:47
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Tu
E o teu corpo nu
E eu
Sendo só teu
Um encontro
E um tantra
No ponto
De tanta
Paixão
Tu
E eu
O teu corpo nu
Bem junto ao meu
Ofegante
Até Toboso
Elegante
Bem gostoso
No meio do chão
Eu
E tu
De corpo ao léu
Quebramos o tabu
Nasce o cosmos
Os teus espasmos
Enquanto rosno
Um entusiasmo
Em comunhão
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4. |
Osso
03:54
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Vem ter comigo antes que alguém me encontre
Não sei bem porquê - porque não vens de uma vez
Sei bem esperar, mas o tempo não é meu
Estou bem escondido do mal que está à porta
Mas toma cuidado
Eu não sei quem nos quer mal
Eu só sei que-
Se gostas de mim, porque não vens dizer-mo?
Não te preocupes, provavelmente eu também
Gosto de ti todos as noites do ano
As luas que nos olham sabem que não sei mentir
-
Vem ter comigo depois de tudo passar
Não é preciso perderes-te na tempestade
Vem de corpo nu contar-me as tuas histórias
Conta-me os detalhes até eu lhes pertencer
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5. |
Trou Noir
07:38
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6. |
Tempo
05:17
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O que começa sempre acaba
E cada peça assim desaba
Na infantil doce promessa
O tempo hostil de travessa
Rouba o tempo desse sempre
Feliz assim para todo o fim
O tempo escapa-me pelas mãos e as feridas não saram
O tempo escapa-me pelas mãos e as feridas não
Acaba hostil essa promessa
E infantil vou de travessa
Roubar o sempre a esse doce
Cada tempo assim o fosse
Onde começa acaba assim
Que o tempo peça perdão a mim
O tempo escapa-me pelas mãos e as feridas não saram
O tempo escapa-me pelas mãos e as feridas não
Eu sei matar o tempo, mas ele mata-me melhor a mim
O tempo escapa-me pelas mãos e as feridas não saram
O tempo escapa-me pelas mãos e as feridas não
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7. |
Urso Solar
04:18
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Por cem acres me escondo
E vou caindo redondo em vão
Em cem partes me estendo
E sou sem sendo o que não
Só sem vendo por onde vou
Fujo do som e do meu fim
Pó que se ergue do chão
Só que não e só que sim
Com tanta face se conta por cem
Títulos que se tem e o que se faz ouvir
Sou um urso solar com que por puro azar
Tiveste de te cruzar
Mas eu deixo fugir
E eu deixo andar
E eu deixo sentir
E eu deixo ficar
E eu fico sem agir
E eu fico a gritar
A vida resolve sumir
E eu fico a pairar
Não se chega ao final com uma frase banal
Não deixes de ser cruel, deixa queimar a pele
Não te fiques por talvez
Sou um urso qualquer sem vida sequer
Deixa o sangue secar, deixa o miolo calcar
E assim se mata de vez
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8. |
Último Glaciar
08:29
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Reza a lenda que o presságio
Atrasa a renda do apanágio
Tolos e reis o mesmo sereis
A terra treme e o mar agita
O povo teme e o medo suscita
Sobrevivência sem cadência
O vento engana a rosa
A lua traz a maré
A roda gira, a roda gira
Não há jeito de travar
O jogo vira, o jogo vira
Não há como escapar
Polinia erguida e invencível
Saudade sofrida e sucessível
Inerente e persistente
Tom firme e frio de glaciar
Tom surdo de silenciar
Os demais e os ademais
O tento escreve em prosa
Enquanto bardo perde a ré
A roda gira, a roda gira
Não há jeito de travar
O jogo vira, o jogo vira
Não há como escapar
Do cubo de gelo ao naufrágio
Ponta de sincelo contra o adágio
Cambaleante e hesitante
Quem se afoga e quem se viu
Quem arde, volta chama a seu pavio
Quem faz de deus acolhe adeus
Cai o Carmo e a Trindade
Cai o mastro e a majestade
A roda gira, a roda gira
Não há jeito de travar
O jogo vira, o jogo vira
Não há como escapar
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vasco vilhena Lisboa, Portugal
Vasco Vilhena nasceu na cidade e cresceu no campo. Foi à sombra de um sobreiro alentejano que descobriu que era por entre sons e harmonias que se sentia em casa. Estudou Jazz e produção musical em Lisboa, onde hoje costura canções. Depois de Urso Solar (2018), apresenta-nos agora A Poda das Nuvens (2021). ... more
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