1. |
Pradaria de Alfazemas
04:05
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Tanta vez disse que gostava de ti
Quando o que queria dizer era que te amava
Estas corridas com dois participantes apenas
Têm ordem de chegada que não corresponde à de importância
Agora que está a arrefecer, arrependo-me do que disse
Vou aceitar a dúvida como uma segunda casa
Se estiveres ofendida, o silêncio falará por ti
O que não formos vivendo são apenas palavras ao lado
Está uma grande mulher por detrás de mim
Na rara vez que estou de costas para ti
Toda a vez em que te encontro, temo que se encerre
E que não dure para sempre
Esta brisa de fim de Verão, tão melancólica como doce
Traz-me à Pradaria de Alfazemas, tão deleitável quanto saudosa
Na qual tive o prazer de tomar um piquenique na tua companhia
E te cantei esta canção, anunciando palavras familiares
Adicionando surpresas, sem estratagemas ou segundas intenções
Porque o que eu realmente quero já está à minha frente
Este toca-e-foge que brinco contigo
Ao que gostas de chamar Fácil
E eu gosto de me deixar apanhar
E de me deixar tropeçar
E de cair de amores por ti
Esta brisa de fim de Verão, tão melancólica como doce
Traz-me à Pradaria de Alfazemas, tão deleitável quanto saudosa
Na qual tive o prazer de tomar um piquenique na tua companhia
E te cantei esta canção, anunciando palavras familiares
Adicionando surpresas, sem estratagemas ou segundas intenções
Porque o que eu realmente quero já está a meu lado
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2. |
Hoje
03:23
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Hoje
Não mais amanhã
Escapar-nos-á
Por entre os dedos
Detém-no
Não o deixes escapar
Por favor
Meu amor
Hoje
Nunca mais amanhã
Não o deixes fugir
Não o deixes escapar
Por favor
Meu amor
Hoje
Ainda hoje
Nós fugiremos
Antes que alguém nos oiça
Ontem
Não mais hoje
Não mais esperança
Sim mais tristeza
-Refrão-
Meu amor
Não me deixes só
Neste trem
Só comigo mesmo
Espero por um hoje
Indolor, melhor
-Refrão-
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3. |
Bloco de Notas
03:21
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O coração cura-se pelos olhos
É preciso muito sal numa vida tão sóbria
São bruxos dos nossos tempos
Que praticam feitiçaria alternativa
A vida só tem um ponto final, Maria Bolacha.
Escreve concisamente e tudo terá coesão.
Errar é humano e é para isso que serve a borracha.
Desde que se escrevam palavras a lápis de carvão
Há merdas a mais que me separam de ti
Há merdas a mais que me separam de ti nesta vida
Acordo dessa dormência, sou abanado da realidade
Que é tão rotineira que nos embala com lentidão.
Todo o santo dia com a sua dose de introspecção.
Sabe Deus o quanto o Diabo me quer ao lado
-Refrão-x2
O tempo não pertence ao amor
O Passado é um sonho perseguidor
E o futuro acontece somente
Se não controlarmos o presente.
Amo-te em todas as línguas
Mas agora vou-me deitar,
Devo horas ao sono
E é contigo que me ponho a sonhar
Acalma a tua dor, meu bem
Que a mim me dói se a ti também
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4. |
Zarpar em Contracorrente
03:18
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Como quem sonha de olhos abertos,
Eu conquisto mares sem palpar terreno
Depois afogo-me ao calha e naufrago
Sem me lembrar de que com o mar não se brinca
Muito menos sem braçadeiras
Muito menos sem se pensar previamente
Mas toda a vez esqueço de me precaver
Pois há ondas e ondas
E qualquer uma me pode levar
Para longe de casa, onde está o bom quentinho
O Garantido, o por demais esquecido e desprezado
Pois o desconhecido é melhor por não se conhecer
Mas tanto pior depois de se apresentar
Tal como a curiosidade matou o gato
A mim me naufragou numa ilha de solidão
Deixando-me tanto ou mais sedento
Mas esta água salgada não mata sedes
Quanto mais mágoas prevalentes
Eu lá vou construindo uma jangada
Na esperança de conseguir apanhar uma maré
Que me leve de volta para o quentinho
Mas o que eu queria mesmo era amar
E isso é impossível através de sonhos
Tenho que acordar e ver se acontece
Lá acordo e a realidade ofusca-me
Meus olhos não estão habituados a tal brilho
Tanta cor me prende a atenção
Tanta vida me prende a emoção
Só me resta levantar e caminhar
Lá me ergo e me ponho a andar
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5. |
Cobertor de Inverno
03:22
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Um dia chegaste a meus olhos
Inalei-te num só trago
Envenenado, caí redondo no chão
Tinha a certeza do inevitável
O toque da tua mão na minha
Levou-me a esta insanidade
Tentava adivinhar, por becos sem saída
Apanhando trapos que deixavas cair
Eu lá ia tecendo o nosso cobertor de Inverno
Completámos o leito assim
Embalado estava no teu peito
Despreocupado com o frio nos pés
A falta de calor largou a intriga
Tu puxavas e eu ia atrás
Mas chegou o conforto e cantaste “mais não”
Cuspiste-me fora dos lençóis
Não me deixaste alternativa
Se não murchar de hipotermia de ti
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6. |
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Toda a gente conhece cantor de coração quebrado
Não traz novidades algumas ao presente povo
Não faz justiça nem se faz de jurado
Seus males espanta, mas seus males colhe de novo
Quando o calor queima, mas sua ausência arde mais
Todo o toque mata e todo o toque corrói
Sabe bem amá-la, mas magoa a indiferença
Mesmo água mole em pedra dura mói
Não sei se sigo em frente ou se insisto no assunto
Sei lá se é para esquecer ou se há volta para dar
Ignoro se é por preguiça ou se te acho o melhor de mim
Sei que me magoa não te poder amar
Ninguém quer saber da felicidade de terceiros
Cento e três dias de sonhos e poesia
Infindável tempo de disparos certeiros
Impiedoso Inferno de memórias de magia
Como que por déjà-vu
Surgem imagens familiares
Sons que até já tu
Lhes puseste os ouvidos em cima
Mas há algo diferente
Alguém mudou os ares
Que é quando surge de repente
Um acorde que muda o clima
Creio escrever em profecia
Quando invento histórias
Porque é com pontaria
Que as vivo posteriormente
Tenho tido a estúpida ideia
De não escrever sobre glórias
Em vez disso, a vida é feia
E sou eu quem a ressente
Por isso vem um final feliz
Mas que não tem conclusão
E não é nem por um triz
Que não soa a desfecho
Sinto que tem que acabar mal
Adquire um tom sensaborão
Que é de uma monotonia tal
Que resolvo repetir o trecho
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7. |
Venham de Lá esses Ossos
02:51
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És o meu mecenas emotivo
Guardas-me palavras tocantes
Atiras-me elogios ao ouvido
E embalas-me como alguém dantes
Trocamos maricas piropos
Na esperança de sermos percebidos
De que nada queremos um do outro
Senão pensamentos entendidos
Venham de lá esses ossos
Teus desenhos encantadores
Ninguém faz os teus troços
Que os traduzes de tuas dores
Convertemos cafés em cerveja
Como alguém fez com vinho e água
Numa relação de troca que não aleija
Somos os ghostbusters na mágoa
Mas nem tudo são misérias
Pelo contrário, meu caríssimo amigo
Meu coração fica de férias
Quando partilho a presença contigo
-Refrão-
Não sei como te agradecer
Portanto fiz esta canção
Mas como infelizmente tem de ser
Tenho que lhe dar uma conclusão
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8. |
Grego
03:47
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Zeus conspurcou Europa
Cronos devia tê-lo comido
Não nos veríamos todos Gregos
Governados por um Bandido
Vou roubar tecido às Moiras
Para costurar o meu destino
Não gosto de fugir à Quimera
Por isso na sombra me vacino
Fiquei Sentido,
Com a Sensação
De me ter Morrido
O Amor na Mão
Não há como enganar a vida
Senão tivermos linha e agulha
Vou dobrar cabeças a Hydra
E tecer com o que entulha
Hei-de derrotar Cérberos
Buscar de lá o nosso amor
Perguntar a Hades se viu
Onde ficou o meu calor
-Refrão-
Vou montar Pegaseus e voar
Fugir de Hércules e do seu vigor
Sentir o frio vento na cara
E esquecer este desamor
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9. |
Canção de Bem-Estar
02:22
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Estou nas minhas Sete Quintas,
Com a Cabeça lá prá Lua
Estou-me bem nas tintas
Se a voz de quem canta de galo é tua
Vou apanhar uma piela
E hei-de apanhar por tabela
Estou na boa, finíssimo
A rir e a chorar por mais
Sem noção, pensei altíssimo
Em todos os meus filmes sem finais
Despreocupado, caguei, andei
Dizia o outro, só sei que nada sei
Que venha o Diabo
E escolha a Sentença
Para a lua ter o rabo
Ou partilhar a tua presença
Esta canção de bem-estar
Parece estar a funcionar (tão bem)
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10. |
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Quem não é romântico
Neste mundo, é um púdico
E eu estou todo nu
De que vale ser bela
Quando sou anjo sem auréola
E estou como tu
Eu às vezes também tenho saudades de ti
Mas não há volta a dar
Eu não queria nada chamar a isto o fim
Mas sou a única a amar
Nesta valsa embalo
E esqueço do que falo
Seja a vida o que for
Não é necessariamente mau
Despedir-me desta nau
Que contem teu amor
Um suspiro irresoluto,
Na garganta, preso, é fruto
Da tua lembrança
Ouvir contos do que já era
Por outros olhos é bera
É uma falsa esperança
Tal como esta valsa
O nosso amor não tinha violinos
Não é que seja falsa
Mas faltam passarinhos
-Refrão-
Talvez da próxima vez
Com outros olhos me vês
E nos apaixonamos de novo
Mas não vou pensar nisso
Se não fico mortiço
E daqui não me movo
Vou guardar nossas vidas
Nem que todas contorcidas
No meu coração
Dar-te um beijo de adeus
Olá aos desamores meus
E uma valsa no chão
Eu às vezes também tenho saudades de ti
Mas não há volta a dar
É pelo melhor, eu sei, Será tanto melhor, se sim,
Que agora te vou guardar dentro de mim
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11. |
36.000
03:22
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Acabei um ciclo de sono
Tão cheio de doçura e ternura
Embora me lembre o abandono
Julgo que encontrei alguma cura
Sonhei que bebi até cair
E quando acordei estava no chão
Será chato depois conduzir
Com Ermelinda no Coração
O Silêncio pode ser
Uma resposta
Estupidamente
Gratificante
Bebi bem acompanhado em sonho
Mas as memórias eram fortes e redutoras
Na tua companhia me envergonho
E digo coisas socialmente assustadoras
Jamais igualarei trinta e seis mil
Havia mais qualquer coisa mas já não me lembro
Agora que acordei sinto-me febril
E espero que passe até Setembro
Não é que o silêncio me desconforte
Mas esperava que a relação progredisse
E esperar não é bem o meu forte
Tanto que digo merda e é uma chatice
Eu luto batalhas na minha cabeça
Eu vivo todo o cenário inventado
Vivo tempo acelerado por menos que aqueça
Pois o miolo gira descontrolado
-Refrão-x2
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12. |
Oladeus
03:20
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Convidei tua presença a meu coração
Ficou mais cheio e soube a Verão
Não sabia que era preciso sair alguém
Para que não fosse por aí além
Despedi-me de Margarida com um pingo
Mas consolei-me bem contigo
Não é que o teu ombro não me sirva
Mas este amor já não rima nada mais
Olá, adeus, olá-olá-adeus
Olá, adeus, olá-adeus-adeus
Olá, adeus, olá-olá-adeus
Olá-adeus-adeus-olá-olá-adeus-adeus
Conheci-te cedo demais nesta história
Seriamos correspondentes num outro tempo
Agora restas-me na minha memória
Porém tenho que te deixar ir com o Vento
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13. |
Treze
04:36
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Um mês que não há
Uma sorte que não dá
Uma volta ao sol que perdura
E que predomina a boa ventura
O que me vale
São estes dias
Em que não me esforço
Para que me sorrias
A colcheia persegue-me
O quanto baste
És a minha insónia
O coração, já mo levaste
Tudo vale a pena
Se a vontade corresponder
Não sei jogar ao amor,
Sincero tenho que ser
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vasco vilhena Lisboa, Portugal
Vasco Vilhena nasceu na cidade e cresceu no campo. Foi à sombra de um sobreiro alentejano que descobriu que era por entre sons e harmonias que se sentia em casa. Estudou Jazz e produção musical em Lisboa, onde hoje costura canções. Depois de Urso Solar (2018), apresenta-nos agora A Poda das Nuvens (2021). ... more
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